Publicado em 5 de dezembro de 2014 às 15:46

Em meio a natureza e arte contemporânea, visitar o Inhotim é uma experiência única

Na década de 80 começou a ser idealizado pelo empresário mineiro Bernardo de Mello Paz o que viria a se tornar, em 2002, o Instituto Cultural do Inhotim, espaço destinado à exposição de trabalhos de arte contemporânea e à preservação de um enorme acervo botânico.

Localizado na pequena cidade de Brumadinho, o Instituto é, ao mesmo tempo, um museu de Arte Comtemporânea, um Jardim Botânico e um espaço que desenvolve ações educativas e sociais dentro dessas duas áreas. A mistura entre arte e natureza é feita de modo impecável e torna a visita ao Inhotim uma experiência única, capaz de deixar qualquer um deslumbrado. Nas palavras de quem já foi, mesmo aqueles que pouco entendem ou não se interessam por arte são tocados de alguma forma pelo que está presente ali.

Museu de Arte Contemporânea

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- Foto por Cesar Cardoso com CC

Nos 96,87 hectares do museu estão espalhados diversos pavilhões e galerias com obras produzidas por artistas do mundo inteiro.

Totalmente diferente dos museus urbanos aos quais estamos acostumados, no Inhotim os trabalhos são expostos em meio a uma natureza exuberante. Jardins, florestas, montanhas, trilhas e lagos criam um cenário ao qual as obras se mesclam formando uma visão diferente da que temos em museus mais convencionais. Sendo esse um espaço muito diferente do que estão acostumados, muitos artistas criam obras especificamente para expo-las no Inhotim.

Com a inauguração constante de novas obras, o museu está sempre passando por transformações. A quantidade de trabalhos expostos só aumenta, de modo que o espaço já exige mais do que apenas um dia de visita. De qualquer forma, se o turistas não possui muito tempo para conhecer o todo o Inhotim, algumas sugestões de obras imperdíveis são as seguintes:

The Murder of Crows, que pode ser traduzido como Revoada dos Corvos, é um trabalho de George Bures Miller e Janet Cardiff em que 98 caixas de som estão espalhadas por uma sala, ao redor de algumas cadeiras. Elas emitem sons de corvos, canções de ninar, marchas e textos, entre outros. Às vezes é possível escutar a voz de Cardiff contando uma espécie de sonho apocaliptico. Sentado no centro de tudo isso, é como se o visitante estivesse diante de um filme, uma peça de teatro ou mesmo um sonho em que tudo é criado apenas pelos sons.

Desvio Para o Vermelho, presente na galeria de Cildo Meirelles, é uma obra composta por três ambientes. No primeiro nos deparamos com um cômodo cheio de objetos comuns para uma casa, porém todos vermelhos. Já nos seguintes vemos um quarto escuro com uma pia torta da qual sai uma água vermelha e uma garrafa virada com tinta vermelha escorrendo. Esses três espaços estão articulados e levam a um mesmo ponto, a cor saturando a matéria e se transformando nela. As obras de Meirelles costumam apontar para questões de natureza política e social, e de Desvio Para o Vermelho é possível tirar uma série de significados.

Em Ahora Juguemos a Desaparecer, ou Agora Vamos Brincar de Desaparecer, o cubano Carlos Garaicoa montou, em meio a projeções e circuitos de vídeo, uma pequena cidade feita com cera e velas acesas que vão derretendo com o passar do tempo. A obra mistura cidades do mundo e possui miniaturas de pontos turísticos como o Coliseu, a Torre Eiffel e a Casa Branca. As peças são substituídas de dois em dois dias por peças idênticas e novas, de maneira que a obra existe dentro de um mecanismo de constante destruição e reconstrução.

Com esses exemplos já é possível ter uma ideia de como as obras do Inhotim encantam por mexer com os sentido e tocar a todos de alguma forma, independente de entenderem ou não de arte.

Jardim Botânico

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- Foto por Stephanie Torres com CC

Em 2010 o Inhotim recebeu a chancela de Jardim Botânico pela Comissão Nacional de Jardins Botânicos (CNJB).

Caracterizado por ser uma grande área de preservação ambiental, o Inhotim possui mais de 4.200 espécies de plantas, maior coleção em número de espécies de plantas vivas entre os jardins botânicos brasileiros e conta com mais de 28% das famílias botânicas do planeta.

Dispostas por todo o parque, seja nas áreas livres em torno das obras ou dentro de estufas específicas, os visitantes podem conhecer no Inhotim plantas das mais belas e diferentes, com as quais talvez nunca tivesse a chance de ter contato. Na área de visitação o acervo botânico é distribuído a partir de um trabalho de paisagismo que busca chamar atenção e sensibilizar as pessoas sobre a importância da diversidade.

A integração da parte botânica com as obras de arte é tão grande, que as instalações de diversas obras, galerias ou pavilhões são acompanhadas por uma curadoria botânica para que seja definido o projeto paisagístico do entorno.

Toda a natureza preservada no Inhotim não está lá apenas para apreciação. No Instituto também é realizada uma série de estudos, além de todo um trabalho de conservação das espécies presentes lá.

O espaço Viveiro Educador é uma área onde são desenvolvidas atividades para manutenção do acervo, como pesquisa científica, conservação e trabalhos de educação ambiental. Dividido em diversas áreas, lá os visitantes entram em contato com espécies do mundo inteiro. Com isso, o Instituto busca levar conhecimento a quem passa por lá, além de popularizar a ciência de forma interativa.

Sustentabilidade

O Inhotim trabalha para manter as atividades do parque de modo sustentável. Também busca minimizar os impactos ambientais, pensando, por exemplo, a gestão da fauna local e o descarte dos resíduos sólidos.

Além disso, lá é desenvolvida uma série de pesquisas e projetos voltados, principalmente, para a conservação de espécies fora de seu ambiente natural e para o uso sustentável de componentes da biodiversidade.

Inhotim Social

Um dos objetivos do Instituto é levar para os visitantes conhecimentos relacionados à arte e ao meio ambiente. Além disso, ele possui diversos programas voltados para escolas, de modo a aprimorar a visita de estudantes ao parque.

Ainda com esse obejtivo, foi criado o Inhotim Escola, que promove exposições de arte, mostras de filmes, oficinas, encontro com artistas, palestras e cursos, entre outras atividades. Os eventos acontecem fora do parque e a programação pode ser encontrada no site.

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- Foto por Eduardo Santos com CC

Como chegar?

Endereço: Rua B, 20- Brumadinho, MG.
Telefone: (31) 3571-9700.

Ônibus: Os ônibus da empresa Saritur fazem o trajeto entre a Rodoviária de Belo Horizonte e o Inhotim nos seguintes horários:

Terça à sexta-feira: saída de BH às 8h15 e retorno às 16h30.
Sábado, domingo e feriado: saída de BH às 8h15 e retorno às 17h30.

Carro: Se você pretende ir de carro existem 3 opções de trajeto, a primeira é pegar a BR040 na saída para o Rio de Janeiro e entrar à direita na Serra da Moeda, após passar pelo trevo de Ouro Preto, passando pela mesma BR040, outra opção é virar à direita no Posto Chefão, Parque Rola Moça (km547). Uma ultima opção é pegar a BR381 em direção a Betim e entrar à direita na marginal que leva à Brumadinho, logo depois de passar pela barreira da Polícia Rodoviária Federal.

Onde ficar?

Em Brumadinho e nas cidades próximas existe uma boa variedade de hotéis, com algumas opções mais caras e luxuosas e outras mais simples e baratas.

Além disso, se você pretende dedicar apenas um dia ou dois à visitação, Belo Horizonte oferece diversas opções de hospedagem.

Horários

De terça a sexta-feira o Inhotim funciona das 9h30 às 16h15 e aos sábados, domingos e
feriados das 9h30 às 18h30. As loja dos parques ficam abertas no mesmo horário, mas os restaurantes e lanchonetes funcionam durante um período menor.

O Inhotim não abre às segundas-feiras.

Ingressos

Nas terças-feiras, exceto feriados, a entrada é gratuita, nas quartas e quintas custa R$20,00 e nas sextas, sábados, domingos e feriados R$30,00.

Informações adicionais

- Visitas de grupos escolares possuem valor diferenciado, mas devem ser agendadas com antecedência.

- O Inhotim recomenda que a visita seja feita à pé, mas possui carrinhos elétricos para transporte interno caso o visitante necessite.

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- Foto por Stephanie Torres com CC